Atletas de verão lotam academias em busca de resultados rápidos

Sol, praia, biquíni ou sunga. Uma combinação perfeita para o verão. Mas, para algumas pessoas que não estão satisfeitas com o corpo, é tempo de correr atrás do prejuízo para ficar com a aparência melhor no período mais badalado do ano. Quem vibra com isso são os donos de academias, que estão lotadas de atletas de verão, aqueles que, geralmente, só permanecem até o Carnaval.

São 138 academias registradas no Estado, mas o número pode ser muito maior, já que algumas funcionam irregularmente, segundo dados do Conselho Regional de Educação Física. De acordo com o vice-presidente do Conselho, José Carlos Balbino, cerca de 50% dos alunos matriculados nestas academias ficam até o fim do verão. Uma prática comum, mas bastante perigosa.
“Muitas pessoas só procuram as academias para perder peso. Elas precisam entender que cada organismo reage de uma maneira diferente e que não basta apenas procurar uma boa academia, com profissionais qualificados, é preciso ir a um médico e fazer todos os exames”, afirmou o educador físico.
Academias ficam lotadas de atletas de verão (Foto: Michelle Farias/G1)
Quem quer fazer exercício físico precisa ter
acompanhamento profissional.
(Foto: Michelle Farias/G1)
Além do intensivão nas academias, esses “atletas” também recorrem a dietas “milagrosas”, conta a nutricionista Krisnarõ Pavezi. Ela diz que muitas pessoas fazem a dieta dos líquidos, porque acreditam que não engordam. “Já tive um paciente que passou três semanas só tomando leite. Não que seja um alimento ruim, pelo contrário, mas o corpo precisa de outros nutrientes para funcionar”, disse Pavezi.
Era o caso da empresária Rafaela Silva. “Sempre vivia em dieta e nunca conseguia perder peso. Toda a dieta que lia em revista eu fazia. Por causa dessas dietas, já desmaiei algumas vezes na rua e tive anemia. Procurei um médico e hoje sou bem mais feliz”, conta.
Remédios
Os remédios para emagrecer são mais um aliado perigoso para quem quer perder os quilinhos indesejados. A sibutramina é um exemplo de componente encontrado em diversos medicamentos que são usados indiscriminadamente por homens e mulheres sem prescrição médica. Essa substância inibe o apetite e aumenta o gasto energético, entretanto, os efeitos colaterais preocupam os médicos.
“Apesar de serem práticos e muitas vezes eficientes, os remédios para emagrecimento trazem riscos à saúde. Os sintomas mais conhecidos são insônia, irritabilidade e taquicardia. Mas há casos de reações adversas que resultam em aumento da pressão arterial e até na diminuição da libido”, explicou a endocrinologista Fabiana Lopes.
Suspeito carregava frascos, ampolas, comprimidos e cápsulas na mala (Foto: Reprodução/TV Tem)
Remédios para emagrecer e anabolizantes são um
risco à saúde (Foto: Reprodução/TV Tem)
Ainda segundo ela, é muito difícil controlar a venda desses medicamentos. “Além de serem encontrados facilmente em farmácias ou em loja de artigos naturais, as pessoas precisam ter consciência e procurar sempre uma orientação médica”.
Um estudante de 20 anos, que prefere ter a identidade preservada, afirma que começou a utilizar medicamentos e suplementos aos 14 anos. “Era muito magrinho e queria ficar definido. O efeito foi muito rápido, tomava ADE (composto de vitaminas A, D e E), que são injetáveis na barriga. Do dia para noite fiquei muito inchado”, disse o estudante.
Aos 18 anos ele fez uso de algo mais perigoso, os esteroides e anabolizantes. “Comecei tomando Hemogenin e o resultado foi impressionante. Cheguei a pesar 120 quilos e, em um mês, perdi 30 quilos. Tive uma infecção no braço que ainda dói bastante. Depois disso, nunca mais faço uso de qualquer medicamento para emagrecer”, disse o estudante que hoje sofre de hipertensão provocada pelos medicamentos.
Segundo Fabiana, muitas mulheres fazem uso de anabolizantes para corrigir algumas imperfeições do corpo. “Já vi muitas mulheres utilizando anabolizantes no bumbum e nas pernas para tirar celulite. Esses medicamentos causam sérios danos à saúde e, principalmente, na mulher. Com o tempo, elas vão ficando masculinas, a voz muda e os hormônios ficam irregulares”, disse Lopes.